sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Critérios Considerados no Socorro aos Espírtos Desencarnados em Resgates Coletivos








DESENCARNADOS EM TREVAS

Reunião pública de 18-9-61.
1ª Parte, cap. VII, § 25.

Desencarnados em trevas...
Insulados no remorso...
Detidos em amargas recordações...
Jungidos à trama dos próprios pensamentos atormentados...

Eram donos de palácios soberbos e sentem-se aferrolhados no estreito espaço do túmulo.
Mostravam-se insensíveis, nos galarins do poder, e derramam o pranto horizontal dos caídos.
Amontoavam haveres e agarram-se, agora, aos panos do esquife.
Possuíam rebanhos e pradarias e jazem num fosso de poucos palmos.
Despejavam fardos de dor nos ombros sangrentos dos semelhantes, e suportam, chorando, os mármores do sepulcro, a lhes partirem os ossos.
Estagiavam ciência inútil e tremem perante o desconhecido.
Devoravam prazeres e gemem a sós.
Exibiam títulos destacados e soluçam no chão.
Brilhavam em salões engrinaldados de fantasias e arrastam-se, estremunhados, ante as sombras da cova.
Oprimiam os fracos e não sabem fugir à gula dos vermes.
Eram campeões da beleza física, e procuram, debalde, esconder-se nas próprias cinzas.
Repoltreavam-se em redes de ouro, e estiram-se, atarantados, entre caixas de pó.
Emitiam discursos brilhantes e gaguejam agora.
Deitavam sapiência e estão loucos.

Nada disso, porém, acontece porque algo possuíssem, mas sim porque foram possuídos de paixões desregradas.

Não se perturbam, porque algo tiveram, mas sim porque retiveram isso ou aquilo, sem ajudar a ninguém.
Se podes verificar a tortura dos desencarnados em trevas, aproveita a lição.
Não sofrerás pelo que tens, nem pelo que és.
Todos colheremos o fruto dos próprios atos, no que temos e somos.
Onde estiveres, pois, faze o bem que puderes, sem apego a ti mesmo.
Escuta o companheiro que torna do Além, aflito e desorientado, e aprenderás, em silêncio, que todo egoísmo gera o culto da morte.

Emmanuel
Do livro A Justiça Divina. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

 

RESGATES  COLETIVOS
 André Luiz

 Entendíamo-nos com Silas, acerca de variados problemas, quando expressivo chamamento de Druso nos reuniu ao diretor da casa, em seu gabinete particular de serviço.

O chefe da Mansão foi breve e claro.

Apelo urgente da Terra pedia auxílio para as vítimas de um desastre aviatório.

Sem alongar-se em minúcias, informou que a solicitação se repetiria, dentro de alguns instantes, e conviria esperar a fim de examinarmos o assunto com a eficiência precisa.

Com efeito, mal terminara o apontamento e sinais algo semelhantes aos do telégrafo de Morse se fizeram notados em curioso aparelho. Druso ligou tomada próxima e vimos um pequeno televisor em ação, sob vigorosa lente, projetando imagens movimentadas em tela próxima, cuidadosamente encaixada na parede, a pequena distância.

Qual se acompanhássemos curta notícia em cinema sonoro, contemplamos, surpreendidos, a paisagem terrestre.

Sob a crista de serra alcantilada e selvagem, destroços de grande aeronave guardavam consigo as vítimas do acidente. Adivinhava-se que o piloto, certamente enganado pelo traiçoeiro oceano de espessa bruma, não pudera evitar o choque com os  picos graníticos que se salientavam na montanha, silenciosos e implacáveis, à maneira de medonhos torreões de fortaleza agressiva.

Em pleno quadro inquietante, um ancião desencarnado, de semblante nobre e digno, formulava requerimento comovedor, rogando à Mansão a remessa de equipe adestrada para a remoção de seis das catorze entidades desencarnadas no doloroso sinistro.

 Enquanto Druso e Silas combinavam medidas para a tarefa assistencial, Hilário e eu olhávamos, espantados, o espetáculo inédito para nós ambos.

A cena aflitiva parecia desenrolar-se ali mesmo.

Oito dos desencarnados no acidente jaziam em posição de choque, algemados aos corpos, mutilados ou não; quatro gemiam, jungidos aos próprios restos, e dois deles, não obstante ainda enfaixados às formas rígidas, gritavam desesperados, em crises de inconsciência.

Contudo, amigos espirituais, abnegados e valorosos, velavam ali, calmos e atentos.

Figurando-se cascata de luz vertendo do Céu, o auxílio do Alto vinha, solícito, em abençoada torrente de amor.

O quadro patético era tão real à nossa observação, que podíamos ouvir os gemidos daqueles que despertavam desfalecentes, as preces dos socorristas e as conversações dos enfermeiros que concertavam providências à pressa...

De alma confrangida, vimos desaparecer a notícia televisada, enquanto Silas cumpria as ordens do comandante da instituição com admirável eficiência.

Em poucos instantes, diversos operários da casa puseram-se em marcha, na direção do local minuciosamente descrito.

Voltando ao gabinete em que lhe aguardávamos o retorno, Silas ainda se entendeu com o orientador, por alguns minutos, com respeito ao serviço em foco.

Foi então que Hilário e eu indagamos se não nos seria possível a participação na obra assistencial que se processava, no que Druso, paternalmente, não concordou, explicando que o trabalho era de natureza especialíssima, requisitando colaboradores rigorosamente treinados.

Cientes de que o generoso mentor poderia dispensar-nos mais tempo, aproveitamos o ensejo para versar a questão das provas coletivas.

Hilário abriu campo livre ao debate, perguntando, respeitoso, por que motivo era rogado o auxílio para a remoção de seis dos desencarnados, quando as vítimas eram catorze.

Druso, no entanto, replicou em tom sereno e firme:

- O socorro no avião sinistrado é distribuído indistintamente, contudo, não podemos esquecer que se o desastre é o mesmo para todos os que tombaram, a morte é diferente para cada um. No momento serão retirados da carne tão-somente aqueles cuja vida interior lhes outorga a imediata liberação. Quanto aos outros, cuja situação presente não lhes favorece o afastamento rápido da armadura física, permanecerão ligados, por mais tempo, aos despojos que lhes dizem respeito.



- Quantos dias? – exclamou meu colega, incapaz de conter a emoção de que se via possuído.

- Depende do grau de animalização dos fluidos que lhes retêm o Espírito à atividade corpórea – respondeu-nos o mentor.
 – Alguns serão detidos por algumas horas, outros, talvez, por longos dias...


Quem sabe? Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma. O gênero da vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras condições de nossa morte.



Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes de baixas ilusões, mais tempo gastamos para esgotar as energias vitais que nos aprisionam à matéria pesada e primitiva de que se nos constitui a instrumentação fisiológica, demorando-nos nas criações mentais inferiores a que nos ajustamos, nelas encontrando combustível para dilatados enganos na sombras do campo carnal, propriamente considerado.

E quanto mais nos submetamos às disciplinas do espírito, que nos aconselham equilíbrio e sublimação, mais amplas facilidades conquistaremos para a exoneração da carne em quaisquer emergências de que não possamos fugir por força dos débitos contraídos perante a Lei. Assim é que não é o mesmo que .

- Isso, no entanto – considerei -, não quer dizer que os demais companheiros acidentados estarão sem assistência, embora coagidos a temporária detenção nos próprios restos.

- De modo algum – ajuntou o amigo generoso -, ninguém vive desamparado. O amor infinito de Deus abrange o Universo. Os irmãos que se demoram enredados em mais baixo teor de experiência física compreenderão, gradativamente, o socorro que se mostram capazes de receber.

- Todavia – reparou Hilário -, não serão atraídos por criaturas desencarnadas, de inteligência perversa, já que não podem ser resguardados de imediato?

Druso estampou significativa expressão facial e ponderou:

- Sim, na hipótese de serem surdos ao bem, é possível se rendam às sugestões do mal, a fim de que, pelos tormentos do mal, se voltem para o bem. No assunto, entretanto, é preciso  considerar que a tentação é sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora. A junção de nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que já trazemos dentro de nós.

A explicação não poderia ser mais clara.

Talvez por isso, algo desconcertado pelo esclarecimento direto, meu companheiro que, tanto quanto eu, não desejava perder a oportunidade de mais ampla conversação, acentuou, humilde:

- Nobre instrutor, decerto não temos o direito de questionar qualquer determinação que lhe dimane da autoridade; ainda assim, estimaria conhecer mais profundamente as razões pelas quais nos é defeso o trabalho de colaboração nos serviços pertinentes ao socorro nos resgates de conjunto.
 Não poderíamos, acaso, cooperar com os obreiros desta casa, nas expedições de auxílio às vítimas de acidentes diversos, de modo a pesquisar as causas que os determinaram?

Indiscutivelmente a Mansão, com as responsabilidades de que se encontra investida, desincumbir-se-á de trabalhos dessa espécie todos os dias...

- Quase todos os dias – corrigiu Druso, sem pestanejar.

E, fitando Hilário de estranha maneira, aduziu:

- É imperioso observar, porém, que vocês coletam material didático para despertamento de nossos irmãos encarnados, quase todos eles em fase importante de luta, no acerto de contas com a Justiça Divina. Analisando os resgates dessa ordem, vocês fatalmente seriam compelidos à autópsia de situações e problemas suscetíveis de plasmar imagens destrutivas no ânimo de muitos daqueles que ambos se propõem auxiliar.

Esboçando leve sorriso em que deixava transparecer a humildade que lhe adornava o espírito de escol, aditou:

- Parece-me que não seriamos capazes de comentar um desastre de grandes proporções, no campo dos homens, sem lhes insuflar o vírus do medo, tanta vez portador do desânimo e da morte.

A palavra do orientador, serena e evangélica, reajusta-nos os impulsos menos edificantes.

Inegavelmente, a Terra jaz repleta de criaturas, tanto quanto nós, algemadas a escabrosos compromissos, carentes de ação contínua para o necessário reequilíbrio. Não seria justo atormentá-las com pensamentos de temor e flagelação, quando através do bem, sentido e praticado, podemos cada hora arredar de nossos horizontes as nuvens de sofrimentos prováveis.

Assinalando-nos a atitude inequívoca de compreensão e de obediência, como não podia deixar de ser, o chefe da instituição continuou em tom afável, depois de ligeira pausa:

- Imaginemos que fossem analisar as origens da provação a que se acolheram os acidentados de hoje... Surpreenderiam, decerto, delinqüentes que, em outras épocas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no chão; companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar, pondo a pique existências preciosas, ou suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, em supremo atestado de rebeldia, perante a Lei, os quais, por enquanto, somente encontraram a própria situação.

Quantos milhares de irmãos encarnados possuímos nós, em cujas contas com os Tribunais Divinos figuram débitos desse jaez?

Entretanto, não desconhecemos que nós, consciências endividadas, podemos melhorar nosso créditos, todos os dias. Quantos romeiros terrenos, em cujos mapas de viagem constam surpresas terríveis, são amparados devidamente para que a morte forçada não lhes assalte o corpo, em razão dos atos louváveis a que se afeiçoam!... Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para pessoas cujo passo já resvala no cairel do sepulcro?!... quantos deveres sacrificiais granjeiam, para a alma que os aceita de boamente, preciosas vantagens na Vida Superior, onde providências se improvisam para que se lhes amenizem os rigores da provação necessária?! Bem sabemos que, se uma onda sonora encontra outra, de tal modo que as “cristas” de uma ocorram nos mesmos pontos dos “vales” da outra, esse meio, em conseqüência aí não vibra, tendo-se como resultado o silêncio.

Assim é que, gerando novas causas com o bem, praticado hoje, podemos interferir nas causa do mal, praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando, com isso, o nosso equilíbrio. Desse modo, creio mais justo incentivarmos o serviço do bem, através de todo os recursos ao nosso alcance. A caridade e  o estudo nobre, a fé e o bom ânimo, o otimismo e o trabalho, a arte e a meditação construtiva constituem temas renovadores, cujo mérito não será lícito esquecer, na reabilitação de nossas idéias e, conseqüentemente, de nossos destinos.

Entregara-se o chefe a mais longa pausa e, movido pelo propósito de aprender, indaguei de Druso se ele mesmo não teria acompanhado algum processo de resgate coletivo, em que os Espíritos interessados não teriam outro recurso senão a morte violenta, como remate aos dias do corpo denso, ao que o instrutor respondeu, presto:

-  Guardo em minha experiência alguns casos expressivos que seria justo relacionar, no entanto, reportar-nos-emos simplesmente a um deles, pois nossas obrigações são inadiáveis.

Depois de momentos rápidos em que naturalmente apelava para a memória, comentou, benevolente:

- Há trinta anos desfrutei o convívio de dois benfeitores, a cuja abnegação muito devo neste pouso de luz. Ascânio e Lucas, assistentes respeitados na Esfera Superior, integravam-nos a equipe de mentores valorosos e amigos...

Quando os conheci em pessoa, já haviam despendido vários lustros no amparo aos irmãos transviados e sofredores.

Cultos e enobrecidos, eram companheiros infatigáveis em nossas melhores realizações. Acontece, porem, que depois de largos decênios de luta, nos prélios da fraternidade santificante, suspirando pelo ingresso nas esferas mais elevadas, para que se lhes expandissem os ideais de santidade e beleza, não demonstravam a necessária condição específica para o vôo anelado. Totalmente absortos no entusiasmo de ensinar o caminho do bem aos semelhantes, não cogitavam de qualquer mergulho no pretérito, por isso que, muitas vezes, quando nos fascinamos pelo esplendor dos cimos, nem sempre nos sobra disposição para qualquer vistoria aos nevoeiros do vale...

Dessa forma, passaram a desejar ardentemente a ascensão, sentido-se algo desencantados pela ausência de apoio das autoridades que lhes não reconheciam o mérito imprescindível. Dilatava-se o impasse, quando um deles solicitou o pronunciamento da Direção Geral a que nos achamos submissos. O requerimento encontrou curso normal até que, em determinada fase, ambos foram chamados a exame devido.

A posição imprópria que lhes era característica foi carinhosamente analisada por técnico do Plano Superior, que lhes reconduziram a memória a períodos mais recuados no tempo. Diversas fichas de observação foram extraídas do campo mnemônico, à maneira das radioscopias dos atuais serviços médicos no mundo e, através delas, importantes conclusões surgiram à tona...

Em verdade, Ascânio e Lucas possuíam créditos extensos, adquiridos em quase cinco séculos sucessivos de aprendizado digno, somando as cinco existências últimas nos círculos da carne e as estações de serviço espiritual, nas vizinhanças da arena física; no entanto, quando a gradativa auscultação lhes alcançou as atividades do século XV, algo surgiu que lhes impôs dolorosa meditação...

Arrebatadas ao arquivo da memória e a doer-lhes profundamente no espírito, depois da operação magnética a que nos referimos, reapareceram na ficha mencionadas as cenas de ominoso delito por ambos cometido, em 1429, logo após a libertação de Orleães, quando formavam no exército de Joana d’Arc...

Famintos de influência junto aos irmãos de armas, não hesitaram em assassinar dois companheiros, precipitando-os do alto de uma fortaleza no território de Gâtinais, sobre fossos imundos, embriagando-se nas honrarias que lhes valeram mais tarde, torturantes remorsos além do sepulcro.

Chegados a esse ponto da inquietante investigação, pela respeitabilidade de que se revestiam foram inquiridos pelos poderes competentes se desejavam ou não prosseguir na sondagem singular, ao que responderam negativamente, preferindo liquidar a dívida, antes de novas imersões nos depósitos da subconsciência.

Desse modo, em vez de continuarem insistindo na elevação a níveis altos, suplicaram, ao revés, o retorno ao campo dos homens, no qual acabam de pagar o débito a que aludimos.

-  Como? – indagou Hilário, intrigado.

-  Já que podiam escolher o gênero de provação, em vista dos recursos morais amealhados no mundo íntimo – informou o orientador -, optaram por tarefas no campo da aeronáutica, a cuja evolução ofereceram  as suas vidas.

 Há dois meses regressaram às nossas linhas de ação, depois de haverem sofrido a mesma queda mortal que infligiram aos companheiros de luta no século XV.

-  E o nosso caro instrutor visitou-os nos preparativos da reencarnação agora terminada?
 – inquiri com respeito.

-  Sim, por várias vezes os avistei, antes da partida. Associavam-se a grande comunidade de Espíritos amigos, em departamento especifico de reencarnação, no qual centenas de entidades, com dívidas mais ou menos semelhantes às deles, também se preparavam para o retorno à carne, abraçando, assim, trabalho redentor em resgates coletivos.

-  E todos podiam selecionar o gênero de luta em que saldariam as suas contas? – perguntei, ainda, com natural interesse.

-  Nem todos – disse Druso, convicto. – Aqueles que possuíam grandes créditos morais, qual acontecia aos benfeitores a que me reporto, dispunham desse direito. Assim é que a muitos vi, habilitando-se para sofrer a morte violenta, em favor do progresso da aeronáutica e da engenharia, da navegação marítima e dos transportes terrestres, da ciência médica e da indústria em geral, verificando, no entanto, que a maioria, por força dos débitos contraídos e consoante os ditames da própria consciência, não alcançava semelhante prerrogativa, cabendo-lhe aceitar sem discutir amargas provas, na infância, na mocidade ou na velhice, através de acidentes diversos, desde a mutilação primária até a morte, de modo a redimir-se de faltas graves.

-  E os pais? – inquiriu meu colega, alarmado. – Em que situação surpreenderemos os pais dos que devem ser imolados ao progresso ou à justiça, na regeneração de si mesmos? A dor deles não será devidamente considerada pelos poderes que nos controlam a vida?

-  Como não? – respondeu o orientador – as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas.

Estabelecera-se longa pausa.

A lição como que nos impelia a rápidos mergulhos no mundo de nós mesmos.

Hilário, contudo, insatisfeito como sempre, perguntou, irrequieto:

-  Instrutor amigo, imaginemos que Ascânio e Lucas, após a vitória de que nos dá noticia, continuem anelando a subida aos planos mais altos... Precisarão, para isso, de nova consulta ao passado?

-  Caso não demonstrem a condição específica indispensável, serão novamente submetidos à justa auscultação para o exame e seleção de novos resgates que se façam precisos.

-  Isso que dizer que ninguém se eleva ao Céu sem quitação com a Terra?

O interlocutor sorriu e completou:

-  Será mais lícito afirmar que ninguém se eleva a pleno Céu, sem plena quitação com a Terra, porquanto a ascensão gradativa pode verificar-se, não obstante invariavelmente condicionada aos nossos merecimentos nas conquistas já feitas. Os princípios de relatividade são perfeitamente cabíveis no assunto.

Quanto mais céu interior na alma, através da sublimação da vida, mais ampla incursão da alma nos céus exteriores, até que se realize a suprema comunhão dela com Deus, Nosso Pai. Para isso, como reconhecemos, é indispensável atender à justiça, e a Justiça Divina está inelutavelmente ligada a nós, de vez que nenhuma felicidade ambiente será verdadeira felicidade em nós, sem a implícita aprovação de nossa consciência.

O ensinamento era profundo.

Cessamos a inquirição e, como serviço urgente requeria a presença de Druso, em outra parte, retiramo-nos em demanda do Templo da Mansão, com  o objetivo de orar e pensar.

  
 André Luiz, em: Ação e Reação de Chico Xavier



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REVELAÇÃO  DE  POETA

Motivos da explosão do DC-10 em Paris

Francisco Cândido Xavier

Regressávamos de ligeira viagem e reunimo-nos em oração, apenas três companheiros, após comentar o acidente aéreo ocorrido em Paris, no dia 3 deste mês.* Os sofrimentos de perto nos fazem meditar nos sofrimentos que se verificam longe de nós.
Ainda não refeitos das atribulações pelas quais todos passemos, com o incêndio de fevereiro, em São Paulo, reunimo-nos em prece para buscar, acima de tudo, compreensão para nós mesmos, de maneira a entendermos que a dor, em qualquer parte, vem das leis de Deus em beneficio de nós próprios.
Abrimos O Livro dos Espíritos, antes de iniciar o nosso culto de oração e a questão 266 veio em nossa ajuda. Pensamos no assunto e, numa confortadora surpresa, recebemos a visita do poeta Silva Ramos que nos tomou a mão e escreveu o soneto que ele mesmo intitulou Culpas.
Ainda profundamente sensibilizados com o lamentável desastre, enviamos ao prezado amigo o soneto do poeta desencarnado, na idéia de que as suas anotações auxiliem-nos a desenvolver o nosso pensamento a respeito das desencarnações coletivas.

*3 de março de 1974. (Nota da Editora)

CULPAS

Silva Ramos







A Natureza aponta a culpa que começa:
Em cidade praiana, a legião pirata
Desembarca, saqueia, humilha, fere, mata...
Por nada se detém, por mais que se lhe peça..

Quantas vidas ao mar sob golpes à pressa!...
Incêndios e orações no horror que se desata...
Depois, vinho e prazer, os butins de ouro e prata
E as horas avançando ao tempo que não cessa...

Os séculos se vão marchando em luz e treva...
Um dia, em mar aéreo, enorme nave leva
Os piratas de outrora e a Justiça Divina...

Surge a morte no ar... A aflição se renova...
Preces, gemidos e ais de corações em prova...
E a Natureza apaga a culpa que termina.




A  ESCOLHA  DO  ESPÍRITO

Irmão Saulo

A revelação do poeta Silva Ramos pode parecer absurda e até mesmo ofensiva para muitas pessoas

. Pereceram na explosão do avião turco, sobre Paris, 345 pessoas. Três brasileiros estavam nesse número espantoso de vítimas. Como considerar todas elas criminosas, envolvidas em atos de pirataria? Convém lembrar que se trata de culpas remotas, de vidas anteriores. Quem pode, na Terra, examinando suas próprias tendências atuais, considerar que há cinco séculos tenha sido uma criatura virtuosa, incapaz de ações criminosas?


O Espiritismo ensina que os espíritos escolhem e pedem as provas por que vêm passar na terra. Outra dúvida se levanta, mas já a vemos registrada na questão 266 de O Livro dos Espíritos. Kardec perguntou: “Não parece natural que os espíritos escolham as provas menos penosas?” E os Espíritos Superiores responderam: “Para vós, sim, para o espírito, não”. Nossas provas decorrem de nossa consciência. As leis de Deus, inscritas na consciência, levam o culpado a pedir o seu próprio castigo. Note-se a perfeição absoluta dessa justiça que não vem de fora, mas se processa de dentro para fora. O culpado é o seu próprio juiz, o mais severo dos juízes.



Por isso mesmo as provas mais graves não são imediatas. O Espírito do culpado precisa amadurecer moralmente para sentir o aguilhão da consciência e obedecê-lo. As provas coletivas reúnem criaturas que nos parecem incapazes de haver cometido atrocidades. Elas tiveram de atingir esse grau atual de evolução para terem a coragem heróica de submeter-se às expiações necessárias. Nessa perspectiva, como vemos, tudo se torna compreensível.

As vítimas de hoje são almas purificadas que se redimem por vontade própria. Não são mais criminosas, são heroínas da evolução.
Silva Ramos usa o soneto para mostrar, numa síntese poética, o que podemos chamar de mecânica da prova.

 As ações do passado dão começo à culpa; os séculos de luz e treva desenvolvem os espíritos nas experiências dolorosas; e, por fim, a culpa se apaga na prova coletiva em que todos se reúnem. As lentas depurações individuais se conjugam, no final, para o resgate coletivo em que a culpa é liquidada.

Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires




RESGATE COLETIVO

Marcus V. Monteiro
 (transcrito de “Presença Espírita” – DIÁRIO DO NORDESTE – 14.jun.1982)

Félix! Estamos no local. Tudo destruído. Não há sobreviventes”, foi o comunicado oficial emitido da área, por   um oficial da FAB e que o jornal DIÁRIO DO NORDESTE estampou em sua primeira página, na edição de quarta-feira, 9 de junho.

A área, no cume da serra de Aratanha, no município de Pacatuba, distante 30km de Fortaleza, registra o local do maior acidente aéreo ocorrido no Brasil. A aeronave, um Boeing 727 Super 200, da Viação Aérea São Paulo (VASP), prefixo PP SRK, quando preparava o seu pouso terminal, no vôo 168, na rota São Paulo – Rio – Fortaleza, chocou-se na madrugada do dia 8 com o pico da serra, explodindo em seguida.

No acidente pereceram passageiros e tripulantes, somando um total de 137 pessoas, sendo 128 passageiros e 9 tripulantes, os quais em sua totalidade tiveram os corpos dilacerados e espalhados por extensa aérea, dificultando o resgate e impossibilitando a identificação de cada um deles.

Fortaleza parou! Colégios e Universidades não funcionaram, setores da indústria (principalmente a de confecções) não acionaram suas máquinas e o comércio abriu, simbolicamente fechado, mantendo suas portas semi-abertas para os pouquíssimos clientes que ocorreram às compras! Personalidades de destaque da vida sócio-econômica da cidade, líderes empresariais e homens comuns do povo, encontravam-se no vôo sinistrado e, baldados foram todos os esforços no sentido de identificação dos corpos... Parentes foram convocados, reunidos com representantes do Governo e diretores da empresa aérea, decidindo-se, após dias de grande tensão emocional: - o sepultamento dos fragmentos dos corpos será coletivo, o que ocorreu na tarde do dia 10. Um enterro simbólico. Caracterizando, ainda mais, o tipo de desencarne daqueles 137 Espíritos: resgate coletivo.
O assunto vem sendo estudado em suas particularidades nas Obras Básicas da Doutrina dos Espíritos. Allan Kardec reporta-se aos casos de morte coletiva em “O Livro dos Espíritos” (item 165); em “A Gênese” (cap. XVIII); em “O Céu e o Inferno” (segunda parte – cap. VIII – Expiações Terrenas); em “Obras Póstumas” dedica todo um capítulo a que intitulou:

Questões e Problemas – As expiações coletivas, apresentando uma comunicação de Clélia Duplantier e reunindo em magistral síntese, a explicação fornecida pelos Espíritos à questão em foco; e no livreto “O que é o Espiritismo”, esclarece: “Estas respostas e todas relativas à situação da alma depois da morte ou durante a vida, não são o resultado de uma teoria ou de um sistema, mas de estudos diretos feitos sobre milhares de indivíduos, observados em todas as fases e períodos de sua existência espiritual, desde o mais baixo ao mais alto grau da escala, segundo seus hábitos durante a vida terrena, gênero de morte, etc.”.
“Muitas vezes, diz-se, falando da vida futura, que não se sabe o que nela se passa, porque ninguém no-lo veio contar; é um erro, pois são precisamente os que nela já se acham, que, a respeito, nos vêm instruir, e Deus o permite hoje, mais que em nenhuma época, como último aviso à incredulidade e ao materialismo.”
Os casos estudados e comprovadamente tidos como resgates coletivos são inumeráveis. Segundo André Luiz (Espírito): “- A Misericórdia Divina quer a transformação moral do pecador e não o seu sacrifício sem motivo consistente”. E, em sua classificação dos débitos, apresenta seis tipos – Estacionário, Resgate interrompido, Aliviado, Dívida expirante, Dívida agravada, e, Resgate Coletivo (em grupos, todos com a mesma dívida).
A desencarnação coletiva é igual à súbita, com a peculiaridade de processar-se em conjunto, por meio de desastres variados. Espíritos com débitos semelhantes reúnem-se para uma expiação coletiva, aproveitando uma oportunidade planejada para o desencarne súbito de vários ou muitos indivíduos.
Francisco Cândido Xavier, o médium de Uberaba, tem servido de intermediário na recepção de mensagens de Espíritos que passaram pelo tipo de desencarne em foco, destacando-se os dos incêndios: de um Circo em Niterói (1961), repleto de crianças numa tarde de domingo, quando centenas de pessoas morreram carbonizadas e dezenas de outras sofreram queimaduras irreparáveis, enquanto alguns eram pisoteados em meio ao pânico que se estabeleceu; os dos edifícios Andraus (1972) e Joelma (1974), ambos localizados no centro da capital paulista, atingidos pelos sinistros em horários de expediente, provocando dezenas de mortes, presenciadas por bombeiros e milhares de pessoas que pouco puderam fazer para evitá-las. O último, serviu até para a produção de uma película cinematográfica cujo título é “Joelma 23o andar”, baseado, exatamente, em uma das comunicações recebidas por Chico Xavier.
Pelas observações deles decorrentes, verifica-se também que nos casos de morte coletiva, quando todos perecem ao mesmo tempo, nem sempre, se revêem imediatamente. Na natural perturbação que se segue à morte do corpo físico, cada um vai para o seu lado ou se preocupa apenas com aqueles que lhes interessam.
As grandes partidas coletivas, ensinam os Espíritos, não têm por único fim ativar as saídas; têm igualmente o de transformar mais rapidamente uma parcela da comunidade, livrando-as de más influências e dando maior ascendente às novas idéias.
Também são elas solicitadas pelos próprios Espíritos (antes de sua encarnação, na escolha dos tipos de provas), com o fim de abreviar o seu período de erraticidade e atingir mais rapidamente as esferas superiores.
Não nos devemos surpreender com o número considerável de pessoas que morrem vítimas de acidentes isolados ou em catástrofes coletivas, mesmo uma atual vida honrada, dedicada ao bem e ao progresso geral da humanidade, não exclui provações, que são pedidas ou aceitas como complemento de expiação, antes de receber a recompensa pelo progresso realizado.
Muitas desgraças só nos parecem imerecidas porque encaramos apenas o momento atual.
Num simples artigo seria impossível analisar todos os detalhes do caso em apreciação, entretanto, chamamos a atenção dos estudiosos do assunto para

uma particularidade toda especial no desastre do vôo 168: os corpos foral totalmente dilacerados, impossibilitando um reconhecimento individual e tiveram um enterro simbólico, coletando-se em urnas, despojos os mais diversos, sepultando-os em uma vala comum a todos.
Allan Kardec, “o bom senso encarnado” afirma: “O Espiritismo toca em todas as questões que interessam à humanidade; seu campo é imenso e é sobretudo em suas conseqüências que convém considerá-lo. A crença nos Espíritos lhe forma, sem dúvida a base, mas somente a crença não é suficiente para fazer um espírita esclarecido, como a crença em Deus não basta para fazer um teólogo. O Espiritismo contém princípios que, sendo firmados sobre leis naturais e não sobre abstrações metafísicas, tendem a ser, e um dia o serão, abraçados pela universalidade dos homens”.
E, não será mera abstração metafísica fazer-se uma incursão em pensamento ao cenário espiritual onde se desenrolava a cena que descrevemos no início de nosso artigo e lá, vislumbrarmos a equipe espiritual encarregada de amparar todos aqueles Espíritos em fase de desencarnação coletiva.
O responsável pela operação no campo da Espiritualidade, haverá de também ter enviado a sua mensagem aos Planos Superiores do Espírito e ela (a mensagem), bem poderá ter sido:

“Félix! Estamos no local. Tudo concluído. Só há sobreviventes”.



CALAMIDADES E PROVAÇÕES


 
O homem desejou recursos para mais facilmente abrir estradas e a Divina Providência lhe suscitou a idéia de reunir areia a nitroglicerina, em cuja conjugação despontou a dinamite. A comunidade beneficiou-se da descoberta, no entanto, certa facção organizou com ela a bomba destruidora de existências humanas.
O homem pediu veículos que lhe fizessem vencer o espaço, ganhando tempo, e o Amparo Divino ofereceu-lhe os pensamentos necessários à construção das modernas máquinas de condução e transporte. Essas bênçãos carrearam progresso e renovação para todos os setores das aquisições planetárias, entretanto, apareceram aqueles que desrespeitam as leis do trânsito, criando processos dolorosos de sofrimento e agravando débitos e resgates, nos princípios de causa e efeito.
O homem solicitou apoio contra a solidão psicológica e a Eterna Bondade, através da ciência, lhe concedeu o telégrafo, o rádio e o televisor, aproximando as coletividades e integrando no mesmo clima de aperfeiçoamento e cultura. Apesar disso, junto desses nobres empreendimentos, surgiram aqueles que se valem de tão altos instrumentos de comunicação e solidariedade para a disseminação da discórdia e da guerra.
O homem rogou medidas contra a dor e a Compaixão Divina lhe enviou os anestésicos, favorecendo-lhe o tratamento e o reequilíbrio no campo orgânico. Ao lado dessas concessões, porém, não faltam aqueles que transformam os medicamentos da paz e da misericórdia em tóxicos de deserção e delinqüência.
O homem pediu a desintegração atômica, no intuito de senhorear mais força, a fim de comandar o progresso, e a desintegração atômica está no mundo, ignorando-se que preço pagará o Orbe Terrestre, até que essa conquista seja respeitada fora de qualquer apelo à destruição.
Como é fácil observar, Deus concede sempre ao homem as possibilidades e vantagens que a Inteligência Humana resolve requisitar à Sabedoria Divina. Por isso mesmo, as calamidades que surjam nos caminhos da evolução no mundo, não ocorrem obviamente, sob a responsabilidade de Deus.

Pelo Espírito ANDRÉ LUIZ
Do livro: BUSCA E ACHARÁS
Psicografia de FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER


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Estudando o problema da escolha de provações da Esfera Espiritual para o círculo das experiências humanas, imaginemos um campo de serviço terrestre em que cada trabalhador é chamado à execução de tarefa específica.
Decerto que, aí dentro, vige a liberdade na razão direta do dever bem cumprido.
O
servidor que haja inutilizado deliberadamente as peças do arado que lhe requer devoção e suor gastará tempo em adquirir instrumento análogo com que possa atender à orientação que o dirige.
O lavrador invigilante que tenha permitido por desleixo a incursão de vermes destruidores na plantação que lho define o trabalho, não pode esperar a colheita nobre antes que se consagre à limpeza e preservação da leira que a administração lhe confia.
O cooperador que tenha a infelicidade de envolver-se no crime terá cerceada a sua independência de ação, de vez que será necessário circunscrever-lhe a influência em processo adequado de reajuste.
Entretanto, se o operário fiel da lavoura satisfaz agora todos os requisitos das justas obrigações a que, se vê convocado, sem dúvida, plasma, em seu próprio favor, o direito de indicar por si mesmo o novo passo de serviço na direção do futuro, com pleno assentimento da autoridade superior que lhe traça o roteiro de lutas edificantes.
Assim, pois, além do sepulcro, nem todos desfrutam de improviso a faculdade de escolher o lugar ou a situação em que deva prosseguir no esforço de evolução, porquanto, quase sempre, é imperioso o regresso às sombras da retaguarda para refazer com sofrimento e lágrimas, amargura e aflição o ensejo sublime de acesso à luz.
Se desejas, assim, a marcha vitoriosa para lá dos portais de cinza em que o túmulo se te expressa à visão, afeiçoa-te, com perseverança e lealdade, ao próprio dever, dele fazendo o teu pão espiritual, cada dia, por que para alcançar o triunfo e a elevação de amanhã é indispensável saibamos consagrar-lhes a nossa atenção desde hoje.


Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier Revista O Semeador – Abril de 1981 

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DESENCARNADOS NO EDIFÍCIO JOELMA - 1974 - SP – MENSAGENS

Tragédias Coletivas e seus Resgates Coletivos 


Uma tragédia mereceu dos Benfeitores Espirituais vários esclarecimentos.


Por ocasião do incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, ocorrido no dia lº de fevereiro de 1974, o médium Francisco Cândido Xavier, em seu lar, em Uberaba (MG), ouvindo a notícia pelo rádio, reuniu-se em prece com quatro amigos, solicitando auxílio dos Benfeitores Espirituais para as vitimas .


Atendendo ao apelo apresenta-se o Mentor Espiritual Emmanuel e escreve, através do médium, comovedora prece inserida no livro "Diálogo dos Vivos".*


Dias depois, em reunião pública, na qual estavam presentes alguns familiares de vítimas do incêndio do Joelma, os poetas Cyro Costa e Cornélio Pires (Espíritos) manifestaram-se pela psicografia, ditando ao médium sonetos referentes à tragédia.

O soneto de Cyro Costa traz uma dedicatória e o transcrevemos, tal como está, no citado livro "Diálogo dos Vivos" (cap. 26, pág. 150):

Luz nas chamas Cyro Costa (Homenagem aos companheiros desencarnados no incêndio ocorrido na capital de São Paulo a 1º de fevereiro de 1974, em resgate dos derradeiros resquícios de culpa que ainda traziam na própria alma, remanescentes de compromissos adquiridos em guerra das Cruzadas.)
 

Fogo!... Amplia-se a voz no assombro em que se espalha.

Gritos, alterações... O tumulto domina. No templo do progresso, em garbos de oficina, O coração se agita, a vida se estraçalha. Tanto fogo a luzir é mística fornalhaE a presença da dor reflete a lei divina. Onde a fé se mantém, a prece descortina O passado remoto em longínqua batalha...

Varrem com fogo e pranto as sombras de outras eras Combatentes da Cruz em provações austeras, Conquanto heróis do mundo, honrando os tempos idos.

Na Terra o sofrimento, a angústia, a cinza, a escória... Mas ouvem-se no Além os hinos de vitória Das Milícias do Céu saudando os redimidos.

Tecendo comentários sobre o soneto de Cyro Costa, Herculano Pires (no livro retrocitado), pondera que somente a reencarnação pode explicar a ocorrência trágica.

Segundo o poeta as dívidas remontavam ao tempo das Cruzadas.


Estas foram realizadas entre os séculos XI e XIII e eram guerras extremamente cruéis com a agravante de terem sido praticadas em nome da fé cristã. Os historiadores relatam atos terríveis, crimes hediondos, chacinas vitimando adultos e crianças. Os débitos contraídos foram de tal gravidade que os resgates ocorreram a longo prazo. Tal como o do circo em Niterói. O que denota a Bondade Divina que permite ao infrator o parcelamento da dívida, pois não haveria condição de quitá-la de uma só vez.




Vejamos agora o outro soneto (cap. 27, pág. 155):

Incêndio em São Paulo

CORNÉLIO PIRES

Céu de São Paulo...
O dia recomeça...
O povo bom na rua lida e passa...
Nisso, aparece um rolo de fumaça
E o fogo para cima se arremessa.
A morte inesperada age possessa,
E enquanto ruge, espanca ou despedaça,
A Terra unida ao Céu a que se enlaça
É salvação e amor, servindo à pressa...
A cidade magoada e enternecida
É socorro chorando a despedida,
Trazendo o coração triste e deserto...
Mas vejo, em prece, além do povo aflito,
Braços de amor que chegam do Infinito
E caminhos de luz no céu aberto...

A idéia de que um ente querido tenha cometido crimes tão bárbaros às vezes não é bem aceita e muitos se revoltam diante dessas explicações, mas, conhecendo-se um pouco mais acerca do estágio evolutivo da Humanidade terrestre e do quanto é passageira e impermanente a vida humana, a compreensão se amplia e aceitam-se de forma mais resignada os desígnios do Criador. Por outro lado, que outra explicação atenderia melhor às nossas angustiosas indagações?

Estas orientações do Plano Maior sobre as provações coletivas expressam, é óbvio, o que ocorre igualmente no carma individual. Todavia, é compreensível que muitos indaguem como seria feita a aproximação dessas pessoas envolvidas em delitos no passado.

A literatura espírita, especialmente a mediúnica, tem trazido apreciáveis esclarecimentos sobre essa irresistível aproximação que une os seres afins, quando envolvidos em omprometimentos graves. A culpa, insculpida na consciência, promove a necessidade da reparação.

O Codificador leciona de forma admirável a respeito das expiações, em "O Céu e o Inferno" (Ed. FEB), cap. 7 - As penas futuras segundo o Espiritismo. Esclarece que

 "o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela permanência no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem".

Assim - expressa Kardec -, as condições para apagar os resultados de nossas faltas resumem-se em três: arrependimento, expiação e reparação.

"O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa.

Este o notável Código penal da vida futura, que tem 33 itens e que apresenta no último o seguinte resumo, em três princípios:

 
"1º O sofrimento é inerente à imperfeição.

2º Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.

3º Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a felicidade futura.

A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra:
- tal é a lei da Justiça Divina."
___________
* XAVIER, Francisco Cândido e PIRES, J. Herculano.
Espíritos Diversos, cap. 25, p. 145, 1ª ed. da GEEM,
São Bernardo do Campo (SP) - 1974. (Transcrita na página seguinte.)
fonte:
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/celuz/textos/tragedias-coletivas.html



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DESENCARNADOS NO EDIFÍCIO JOELMA - 1974 - SP – MENSAGENS

Veja o filme:


ENTREVISTANDO  CHICO  XAVIER
 Wilson Willian Garcia
A morte de crianças e jovens tem nos últimos anos merecido a atenção dos Espíritos que pela psicografia de Francisco Cândido Xavier nos oferecem páginas maravilhosas de revelação e conforto.

Dezenas  e dezenas de mensagens do Além têm sido recebidas por Chico Xavier ultimamente, de modo particular de jovens recém-falecidos, em evidente destaque que os Benfeitores Espirituais, em nome de Jesus, dão à necessidade crescente de consolo aos familiares saudosos e de esclarecimento aos outros jovens da Terra, quanto à compreensão de suas responsabilidades.

Realmente a marcha do progresso, carrega em seu bojo, o preço doloroso de acidentes de toda sorte, que somados às enfermidades naturais, têm aumentado os números das estatísticas que anotam falecimentos em faixas etárias menos avançadas.

Neste livro, dois jovens pereceram em incêndio de grandes proporções, outros dois, imersos nas águas de nossas praias, enquanto que apenas dois de morte natural.

Muitos dos rapazes e moças, citados nas mensagens dos seis jovens, partiram da Terra, vitimados por acidentes de trânsito, assim nas vias urbanas como nas estradas, sendo a morte colhida nas rodas dos veículos, das causas que mais preocupam, pela sua elevada incidência, tendo merecido de nossas autoridades a maior das atenções, no sentido de que vidas não sejam ceifadas pela imprudência e pela invigilância na obediência às leis que disciplinam o trânsito.

Sobre tema tão atual, como a morte de crianças e jovens, e sobre comentários feitos pelos autores espirituais deste livro, a respeito de aspectos que nos chamaram particularmente a atenção, oferecemos a Francisco Cândido Xavier, e o nosso querido amigo aquiesceu em responder, algumas perguntas que apresentamos a seguir:

1) Por que morrem os jovens?

- Dizem os Benfeitores Espirituais que a maioria dos jovens desencarnados são companheiros completando determinados resgates na lei de causa e efeito.

2) Um dos autores deste livro, o Wilson Willian Garcia, falecido no Joelma, fala em máquinas semelhantes a helicópteros, no Além. É válida essa informação de que do outro lado da Vida existem máquinas de voar semelhantes à nossa? Você pessoalmente já viu algum desses aparelhos?

- Sim, já vi por mim mesmo. Existem máquinas preciosas e para nós, na Terra, muito complexas no Plano de Vida próximo a nós.

3) A Volquimar fala em suas duas mensagens que alguns jovens mortos no incêndio do Joelma ainda se encontram em fase de recuperação na Espiritualidade, submetendo-se mesmo a plásticas para cura de seus corpos espirituais ainda enfermos. O incêndio não lesou apenas o corpo físico?

- O corpo espiritual submete-se no Além a tratamentos determinados, conforme os imperativos de sua reestruturação e recuperação na Vida Maior.

4) Qual a explicação que o Espiritismo oferece, face à Reencarnação, às mortes ocorridas no Andrauss e no Joelma?

- Diversas mensagens e instruções se referem a provas escolhidas pelos próprios amigos que lhes deram causa.

5) Há uma mensagem de Augusto no livro que de modo particular aborda o problema dos tóxicos entre os jovens. É grande a preocupação dos Espíritos pelo envolvimento de jovens na névoa densa do tóxico?

- Sim, muitos Benfeitores Espirituais se empenham no auxílio a nós todos para que aprendamos a valorizar a vida.

6) Os jovens, em especial o Augusto e o Jair, explicam para você o porquê de utilizarem a gíria em suas mensagens?

- Pra eles, segundo dizem, é o melhor meio de comunicação nas faixas etárias  a que ainda se vinculam.

7) Você teria alguma mensagem pessoal para os pais e familiares que amargam a dor da separação pela morte de seus filhos queridos, retirados ao seu convívio, tão jovem ainda?

- Deus nos auxilie a todos na sustentação de nossa fé na imortalidade da alma, porque essa fé na continuidade da vida além da morte do corpo, é o sustentáculo em que nos escoramos para vencer nas provas e tarefas que trazemos ao mundo.
- São Paulo – 07 de fevereiro de 1949
- São Paulo – 1º. de fevereiro de 1974
Casado com a Sra. Maria Cristina Bueno Ribeiro Garcia
Filho de Armando Garcia e Hilda Arbulu Garcia
Irmão: Armando Garcia Filho
Todos residentes em São Paulo - Capital
Psicografia Francisco Cândido Xavier e Caio Ramacciotti – Espíritos Diversos -  livro “Somos Seis”
Digitado por Jamil Eduardo Testa


NÃO  CHORE  MAIS,  MAMÃE!   EU  NÃO  MORRI!
Volquimar
          A reapresentação de Volquimar, após sua morte, traz-nos algumas 
cogitações mais profundas.
 Suas palavras descrevem, de início, como ocorreu a morte, traz-nos algumas
 cogitações mais profundas.
 Suas palavras descrevem, de início, como
 ocorreu a morte, contando-nos das
 dificuldades e lutas para a tentativa  de sobrevivência.
 O anseio inicial de descer, frustrado pelas volutas de negras fumaças:
 a determinação de atingir o topo do edifício e a compreensão de que seus minutos
 estavam contados. Nada mais havia a fazer, senão orar. E Volquimar orou como nunca.
          Diga-se de passagem que muitas das pessoas 
que se encontravam
 no Joelma tentaram salvar-se, subindo até os cimos do edifício, numa comparação
 instantânea  com o incêndio do Andrauss, ocorrido 
dois anos antes. Mas o Andrauss, em função
 do heliporto, pôde ter centralizados os serviços de  salvamento em 
sua lage de cobertura; contudo, o Joelma, sem heliporto, pouco ofereceu 
de segurança aos que chegaram lá em cima; muitos morreram
 carbonizados, enquanto que outros se jogaram, encontrando 
a morte, no violento choque com o chão.
          O salvamento no Joelma se processou, basicamente, através 
das escadas Magirus e foram mais beneficiados, nas tarefas de socorro,
 os que puderam permanecer nas laterais do edifício e nos andares 
intermediários ou mais baixos, onde os intrépidos bombeiros podiam atuar.
          Após descrever os momentos últimos de vida, Volquimar faz um 
comentário que aparentemente pode causar surpresa entre os que não 
estão familiarizados com as notícias a respeito da vida após a morte.
 É quando diz que há irmãos, entre os morreram, que se encontram
 hospitalizados, no Plano Espiritual, que se reconhecem desfigurados,
 por falta de preparação íntima, na reconstituição da própria forma. É que,
 como sabemos, a morte não significa mudança milagrosa das condições 
de vida e sim a ida do espírito para o Mundo Espiritual, em que passa a
 individualizar-se através do perispírito ou corpo espiritual, envoltório
 sutil que lhe dá forma. O corpo físico, é, aliás, reprodução
 bastante aproximada do corpo espiritual.
          Convém lembrar, assim, que o corpo espiritual também se lesa
 em função de determinadas agressões, como as mutilações provocadas 
pelo trauma do incêndio, sendo a sua recuperação mais ou menos rápida,
 de acordo com o merecimento próprio e, em última análise, segundo
 o grau de compreensão e evolução do espírito e dos compromissos 
que traga de vidas passadas. Daí alguns companheiros que pereceram no
 Joelma apresentarem, alguns meses depois, ainda o corpo
 espiritual em processo de recuperação.
          Muito rica de informação, do pleno desconhecimento do médium,
 informações, tão numerosas, pelo anseio de colocar em dia todos
 os assuntos pertinentes à situação de reencontro, a mensagem da
 Volquimar exprime a vontade de atualizar o papo,
 acalmando mais amplamente o coração materno.
          Assim, à medida em que formos identificando os 
nomes e esclarecendo as citações de Volquimar, ofereceremos
 mais elementos, colhidos na entrevista com os familiares da jovem.
1 –  Álvaro – seu irmão, já identificado.
2 –  meu avô – refere-se ao seu avô materno
      Álvaro de Carvalho, como veremos mais adiante. Sub-oficial da Marinha de Guerra, 
      desapareceu com o Cruzador Bahia, em 4 de julho de 1945, torpedeado nos
       Rochedos São Pedro e São Paulo, quando retornava ao Brasil, ao fim da 2° Guerra
        Mundial.
3 –   não mais o cartão de alfabeto – veja-se comentário anterior, quando falamos do
        encontro da mãe de Volquimar com o Chico de Uberaba.
4 –   mais tarde com algumas horas de liberação do corpo é que despertei ao seu lado –
        como também já comentamos na Biografia de Volquimar, é a confirmação de que a
        mãe realmente a viu em espírito, próximo ao Instituto Médico Legal, de São Paulo.
5 -   Irmãos de Volquimar
6 -   Nossa querida Célia – Célia Januário Ferreira,
        amiga de Volquimar, colega de cursinho e dos primeiros empregos.
7 -   Flávio e Cristiano – seus sobrinhos, Flávio Henrique dos Santos Foguel e Cristiano
        dos Santos Augusto, filhos, respectivamente, das irmãs Volnelita e volnéia.
-   Estou satisfeita...
9  -   a senhora não precisa hesitar...
        São daquelas informações pela psicografia do Chico que verdadeiramente nos
        desnorteiam. D. Walkyria havia utilizado o seguro de vida da filha como entrada
         para aquisição de um apartamento; consolando a mãe, pela conveniência da
         atitude, Vôlqui nos revela episódio restrito ao ambiente familiar, em evidente
         prova da exuberância do processo mediúnico autêntico. Sem ter qualquer idéia ou
         informação a respeito, como pôde, senão mediunicamente, Chico Xavier
         transmitir com tanta riqueza de dados este episódio pela Volquimar??              
10 -  Volquimar guardava secreta intuição de que seus dias na Terra estavam contados,
         dando a entender à mãe, sua intuições, por diversas vezes.
11 -   Referência ao seu aniversário de nascimento e à data de falecimento do avô, a 1.º
          e a 4 de julho, respectivamente. A comemoração de que fala Volquimar na
          mensagem diz respeito à reunião familiar nesses dias em que a filha desencarnada
          se comunicou pelo cartão do alfabeto.
12 -   Nossos amigos Augusto e José Roberto – Augusto é co-autor deste livro; José
          Roberto Pereira da Silva, filho de Nery Pereira da Silva e Lucy Ianez Silva,
          faleceu a 8 de junho de 1972, no acidente com o trem que levava estudantes para
          Mogi das Cruzes. Contava, então, 18 anos. Como o Augusto, José Roberto, ou
          Beto, aparece citado em outras oportunidades neste livro.
13 -   Yolanda, Helena e Acácia  -  O leitor, terá, também, oportunidade de encontrar em
          outras citações, os nomes de D. Acácia e da mãe do Augusto. D. Helena Leal do
         Canto acompanhava a mãe de Volquimar, quando da recepção desta mensagem.
Do livro: Somos Seis  -  Psicografia: Francisco Candido Xavier  e Caio Ramacciott
Espíritos Diversos



 APRESENTAÇÃO


Facilmente o leitor identificará no decorrer da leitura deste livro, o estilo 
próprio dos seus seis autores.  Jovens escritores que não vieram de cursos 
de beletrismo, nem se preocuparam particularmente com o estudo das figuras 
de expressão literária, de modo a se lançarem como novos candidatos 
 aos troféus e às cadeiras de nossas academias.
Estes jovens, que tão cedo deixaram a Terra, numa idade variável
 entre 17 e 25 anos, levaram daqui evidentemente o ardor de sua juventude,
 trazendo de lá, a vontade de contar o que viram aos companheiros e aos pais 
queridos que não se acostumam à sua ausência, ainda que não estejam ausentes.
Mas, a despeito de sua despretensão em fazer literatura, todos escrevem bem,
 cada qual carregando a marca inconfundível de sua comunicação pessoal.  
Assim, em Volquimar, a estrela do grupo, sentimos a filha amorosa,
 falando simples e de forma elevada
 com a mãe, do mesmo modo que conversavam quando na Terra.  Wilson, o outro
 estreante, é o marido muito jovem e o filho afetuoso que divide o coração 
entre a esposa querida e a mãezinha, consolando-as a ambas, numa linguagem clara,
 como são claras suas posições diante da morte.
Wadyzinho é o jovem amadurecido que aos 17 anos já se dedicava à Causa do Bem,
 na tarefa de levas as palavras do Mestre aos jovens distantes da compreensão dos
 valores morais da vida, imersos nos pesadelos induzidos por drogas e vícios outros.
  Wady, além de filho amoroso, é a Doutrina, exposta, aliás, em estilo sóbrio,
 encorpado, com o uso da adjetivação fácil.
Carlos Alberto, o Tato, é o engenheiro que abdicou temporariamente
 de sua linguagem pragmática, concisa, em função dos sofrimentos da mãe,
 inadaptada, ainda, à dor da separação.
Augusto e Jair são diferentes dos outros em termos de comunicação.  
Lembremos que todos, basicamente, são muito ligados às famílias,
 filhos carinhosos, cada qual com suas características proporias, idênticas às que apresentavam quando encarnados.
Jair, por exemplo, brincalhão, manuseava a gíria, como Wady
 os analogismos
 e as metáforas: cabe aqui o depoimento de uma sua colega dos tempos 
de escola, a estudante de Antropologia da PUC de Campinas, 
Renata Manjaterra, que ao ler uma de suas mensagens psicografadas
 pelo Chico, que seu pai lhe fez chegar às mãos, 
disse: -“papai, mas esse é mesmo o Jair”.
De fato, em suas mensagens, reconhece-se o Jair em 
qualquer circunstância: são as frases curtas, entrecortadas,
 carregadas de pontos e vírgulas, como se Jair não estivesse
 escrevendo e sim falando. Sua gíria é, como a 
do Augusto, até mesmo dicionarizada.
E o Augusto, também usava a gíria, quando encarnado? 
 Conversamos com sua mãe a respeito e D. Yolanda disse
 que sim, usando-a o Augusto com moderação, e reconhecendo 
em suas mensagens recebidas por Chico Xavier, expressões
 habituais, do seu agrado quando entre nós.
A verdade é que falando em gíria ou se expressando em estilo 
convencional, sente-se no Augusto uma linha de exposição típica,
 em que o rapaz já mais velho que os outros (hoje estaria com 33 anos) 
é amoroso e alegre, utilizando-se de construções gramaticais bem próprias.
Particularmente entendemos que houve como que uma divisão de trabalho 
entre os jovens autores,de modo a atingirem a todas as áreas no campo
 da divulgação de suas idéias, com uma preferência evidente do Augusto 
e do Jair pela penetração entre os jovens mais familiarizados com as
 expressões de gíria.  E, reconheçamos,
 estes jovens são os estudantes, são os rapazes voltados para experiências
 perigosas com as ervas e as bolinhas e são os outros jovens, , ainda na fase
 dourada da juventude, desligados dos problemas e das coisas,
 bastantes carentes de orientação e esclarecimento.
É inquestionável a penetração dessa técnica que Jair e Augusto trouxeram
 do Além e que é a técnica também dos jovens daqui: a conversa franca,
 descontraída, em que as palavras, ou as palas como dizem, surgem ao
 sabor do próprio diálogo ou do papo informal.


Psicografia Francisco C.  Xavier e Caio Romacciotti – Espíritos Diversos

Livro: “Somos Seis”.

 
LIVRO 
SOMOS  SEIS
SOMOS  SEIS
A EMOÇÃO DO RETORNO
APRESENTAÇÃO
A VOLTA DO ASTRONAUTA MIRIM
ANIVERSÁRIO DE RENASCIMENTO
AUGUSTO CÉSAR NETTO
 CARLOS ALBERTO DA SILVA LOURENÇO
CARTA AO AMIGO ANÔNIMO
CITAÇÕES
CONVERSA EM FAMÍLIA
ENTREVISTANDO CHICO XAVIER
ESQUEMA DA PAZ
FALEI
JESUS É O NOSSO PRIGRAMA
MÃEZINHA, ESTOU BEM
NÃO CHORE MAIS
O BANHO DE LOJA NOVA
O IRMÃO DE FEVEREIRO
O MELHOR PROGRAMA
O PEDIDO DO PEQUENO
O RESSEGURO DE DEUS
O SONHO E A ROSA
PALAVRAS AOS PAIS
PALAVRAS DO ALÉM
PRESENTE DE ANIVERSÁRIO
RENASCI DAS CHAMAS
RESPOSTA AO AMIGO
SAMARITANOS NO ALÉM
SUGESTÕES PRÁTICAS
TELE RECADOS
TEMPO DE PAZ
VOLKIMAR CARVALHO DOS SANTOS
WADI ABRAHÃO FILHO
WILSON WILLIAN GARCIA
 

Luz nas chamas

(Cyro Costa)

 

Homenagem aos companheiros desencarnados no incêndio ocorrido na capital de São Paulo em 1° de fevereiro de 1974, em resgate dos derradeiros resquícios de culpa que ainda traziam na própria alma, remanescentes de compromissos adquiridos em guerra das Cruzadas.

 


Fogo!… Amplia-se a voz no assombro em que se espalha Gritos, alterações… O tumulto domina.

 

No templo do progresso, em garbos de oficina, O coração se agita, a vida se estraçalha.

 

Tanto fogo a luzir é mística fornalha E a presença da dor reflete a lei divina.

 

Onde a fé se mantém, a prece descortina O passado remoto em longínqua batalha…

 

Varrem com fogo e pranto as sombras de outras eras Combatentes da Cruz em provações austeras, Conquanto heróis do mundo, honrando os tempos idos.

Na Terra o sofrimento, a angústia, a cinza, a escória…

 

Mas ouvem-se no Além os hinos de vitória Das Milícias do Céu saudando os redimidos.

 

Resgates a longo prazo

(J. Herculano Pires)

 

 

Para as pessoas que ainda não aceitam o princípio da reencarnação, a revelação parece absurda, simplesmente imaginária. Mas quem conhece realmente o problema não terá dúvidas a respeito. O poeta Cyro Costa, autor do livro Terra Prometida (José Olímpio Editora, 1938) foi um dos homens exponenciais de São Paulo nos idos de 30. Foi ele, já desencarnado, quem encerrou o primeiro “Pinga Fogo” de Chico Xavier, no Canal 4, a 28 de julho de 1971, com o soneto intitulado “Segundo Milênio”.

Por que razão Cyro Costa teria revelado a causa longínqua da morte das vítimas do incêndio?

Certamente para consolar os familiares aflitos que não viam motivo para esse fim cruel. Muitos desses familiares são espíritas ou aceitam os princípios doutrinários, como vemos pela presença de alguns na reunião de Chico Xavier.

 Além desse motivo caridoso há o interesse de confirmar o princípio da reencarnação diante de uma ocorrência que sem ele não seria explicável.

Em termos de consolação para os que ficaram, o final do soneto é de suma importância, pois informa que as vítimas da Terra foram recebidas no Além como vitoriosas.

 A convicção espírita, firmada em fatos reais e nas intuições profundas da alma, recebe com alegria informações espirituais dessa natureza, quando dadas por espíritos plenamente identificados e de comprovada elevação.

Mesmo entre os espíritas, alguns poderão perguntar por que motivo dívidas tão remotas só agora foram pagas. As Cruzadas se verificaram entre princípios do Século XI e final do Século XIII.

É que a Lógica Divina é superior à lógica humana.

Débitos pesados esmagariam o espírito endividado, sob cobrança imediata.

Convém dar tempo ao tempo para que os resgates se façam de maneira proveitosa.

Os Espíritos devem evoluir o suficiente para que suas próprias consciências os levem a aceitar o resgate e a pedi-lo, reconhecendo a medida como necessária para continuidade de sua evolução. Entrementes, nas encarnações sucessivas, partes do débito vão sendo pagas, aliviando o devedor. Por isso Cyro Costa alude a “resquícios de culpa” e não à culpabilidade total.

Também por isso as vítimas foram recebidas de maneira gloriosa, pois agora comparecem na Espiritualidade como heróis da evolução, espíritos que se propuseram a passar na Terra pelo que infligiram a outros no passado. Não foram submetidos compulsoriamente ao sacrifício, mas entregaram-se a ele de maneira espontânea, no exercício voluntário do seu livre arbítrio. Essa a sua glória. E o consolo para os que ficaram é evidente. Seus entes queridos não foram vítimas ocasionais de um golpe nefando do destino ou da fatalidade. Nada disso. Sacrificaram-se num momento terrível mas passageiro, para assegurar-se a felicidade no mundo espiritual e reencarnações felizes no futuro.

Sem as provas positivas que o Espiritismo oferece aos que o estudam e praticam, é difícil ao homem compreender o problema. Mas há mais de um século a revelação espírita vem beneficiando milhares de criaturas, hoje perfeitamente aptas a compreender esse processo.

Quanto às Cruzadas, convém lembrar que suas guerras foram das mais desumanas, marcadas por massacres e incêndios. Historiadores de insuspeita autoridade, como Brentano, Langlois, Michaud, relatam cenas de canibalismo, massacres de crianças, horrores de toda espécie praticados em nome da fé cristã.

Na queda de Jerusalém, segundo Brentano, em 1099, os judeus da cidade foram reunidos na sinagoga e queimados vivos. Correndo a notícia de que os mouros haviam engolido objetos de ouro, para escondê-los, milhares deles tiveram o ventre aberto e suas vísceras remexidas pelos cruzados, ainda quentes.

O fogo era largamente usado. Mouros e judeus eram levados aos edifícios mais altos e obrigados a saltar para se espatifarem no solo. Encurralavam-se prisioneiros em prédios altos, que eram incendiados para que eles morressem nas chamas. Como vemos, crimes tão hediondos só poderiam provocar resgates a longo prazo.

Os poetas e o incêndio

(Chico Xavier)

Os poetas Cyro Costa e Cornélio Pires manifestaram-se pela psicografia, como já dissemos anteriormente, oferecendo-nos visão nova do terrível acidente. Ambos os poetas trouxeram-nos grande conforto. Nossa troca de impressões sobre o acontecimento doloroso, antes da manifestação dos poetas, revelava o grande abalo que todos sofrêramos.

Concordamos todos em colocar os sonetos em suas mãos, na ideia de que possam consolar outros irmãos, cujos sentimentos estejam mais diretamente ligados à provação que nos atingiu a todos.
* * *
Nota – O soneto de Cyro Costa, que revela os motivos cármicos de tantas mortes no incêndio, está publicado no capítulo anterior.

    Neste capítulo reproduzimos o de Cornélio Pires, o poeta de Tietê, de saudosa memória, que nos dá uma dupla visão da dolorosa ocorrência.

Incêndio em São Paulo

(Cornélio Pires)

Céu de São Paulo… O dia recomeça…
O povo bom na rua lida e passa…
Nisso, aparece um rolo de fumaça
E o fogo para cima se arremessa.
A morte inesperada age possessa,
E enquanto ruge, espanca ou despedaça,
A Terra unida ao Céu a que se enlaça
É salvação e amor, servindo à pressa…
A cidade magoada e enternecida
É socorro chorando a despedida,
Trazendo o coração triste e deserto…
Mas vejo, em prece, além do povo aflito,
Braços de amor que chegam do Infinito
E caminhos de luz no céu aberto…


Almas libertas

(J. Herculano Pires)

Tudo se encadeia no Universo, explicam os Espíritos na obra básica da doutrina. Nada acontece por acaso. Há em tudo uma sequência natural de causas e efeitos, de ação e reação. Cyro Costa nos deu em seu soneto as raízes da tragédia do Joelma. Cornélio Pires nos relata as consequências. Temos assim uma visão em três tempos da catástrofe que seria absurda, ininteligível, sem os esclarecimentos proporcionados pela comunicação mediúnica.
 A ocorrência não se torna menos dolorosa, mas a consolação é levada a muitos corações desesperados. Saber que os entes queridos não pereceram ao acaso nem desapareceram nas cinzas, mas foram socorridos por amigos espirituais e estão a caminho de recuperação nos planos superiores da vida, é aliviar o coração e desafogar a alma. Muitos perguntarão: E as provas de tudo isso? E quantos, ao fazer a pergunta, já obtiveram a resposta pela intuição da realidade que trazem em si mesmos, nas profundezas misteriosas da consciência.

O soneto de Cornélio Pires é descritivo, como era de seu estilo tão conhecido de todos. O poeta busca socorro nas reticências, nos três pontinhos que, sem mudar de aparência, mudam de significação em cada verso. Todo o quadro da tragédia foi apanhado nesses catorze versos de um decassílabo modesto, mas preciso. Não há uma pincelada a mais nem a menos. E a última reticência é uma abertura para tudo aquilo que a palavra não pode traduzir.


Das terríveis guerras das Cruzadas, em nome de Cristo, as almas enclausuradas em reencarnações sucessivas vieram imolar-se no último sacrifício. Em breves momentos de desespero e dor libertaram-se do passado para librar-se a planos superiores da vida. Aliviaram para sempre suas consciências doloridas. Almas libertas, podem agora prosseguir nos caminhos da evolução espiritual sem cair em novos enganos. Possuem a experiência maior. Amadureceram para a imortalidade. Ontem queriam servir a Deus a ferro e fogo. Hoje compreendem que só o amor nos livra das ciladas do egoísmo e da arrogância e nos prepara de maneira eficiente para os serviços de Deus.


Francisco Cândido Xavier
J. Herculano Pires
Espíritos diversos
Livro Diálogo dos Vivos



Fonte e agradecimentos pela matéria: Carlos Eduardo Cenerelli



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